*Por Ana Paula Ferraz Krueger
Diante das transformações globais, muito tem se discutido sobre a importância e o conceito das cidades e governos inteligentes. Mas, afinal, como essas definições funcionam na prática e como elas se conectam?
Primeiro, vale lembrar que as cidades podem ser caracterizadas como inteligentes quando utilizam a tecnologia e seus recursos para desenvolver localidades que sejam ao mesmo tempo integradas, habitáveis e sustentáveis. Além disso, as cidades inteligentes também devem usar a tecnologia com o cidadão no centro, melhorando a qualidade de vida da população e a eficiência dos serviços públicos.
No entanto, para uma cidade alcançar de fato o status de “inteligente”, ainda é necessário ter como premissa uma administração pública inovadora, um governo que impulsione os elementos cruciais de uma cidade sustentável, como integração, inovação, fundamentação em evidências, foco no cidadão, sustentabilidade, criatividade, eficiência, eficácia, igualdade e empreendedorismo.
O governo inteligente, por sua vez, passa a ser construído pela elaboração de políticas públicas baseadas em dados concretos, pelo desenvolvimento de soluções que antecipem as necessidades dos cidadãos e organizações, e pela promoção de negócios que estimulem o crescimento local. Ficam sob sua responsabilidade as integrações, conexões, informações, tecnologia e inovação. Nesse contexto, a eficiência da gestão pública como governo inteligente eleva a capacidade de criação e o sucesso das iniciativas urbanas, pavimentando o caminho de sucesso de cidades verdadeiramente inteligentes.
Embora muitos ainda vislumbrem o conceito de cidades inteligentes apenas sob a ótica puramente tecnológica, é dentro dessa perspectiva que se coloca em pauta o papel dos governos inteligentes, pois seus desafios são muitos e plurais. Contemplam uma variedade de situações e particularidades de cada cidade, por isso a necessidade do governo inteligente promover políticas públicas que contemplem também a diversidade e a desigualdade.
Ou seja, ainda que tenham dimensões distintas, governos e cidades inteligentes são conceitos profundamente interligados. Enquanto o governo inteligente utiliza plataformas, aplicativos e sistemas integrados para facilitar o acesso aos serviços públicos, a cidade inteligente vai além, abrangendo a aplicação de tecnologia em toda a sua infraestrutura. Entretanto, um não pode operar plenamente sem o outro: as soluções de uma cidade inteligente dependem de uma gestão pública eficiente e visionária, assim como os governos inteligentes têm na cidade seu laboratório de inovação e transformação.
Quando essas duas perspectivas trabalham juntas, conectadas e integradas, a cidade pode oferecer serviços mais ágeis e eficientes, além de melhorar significativamente a qualidade de vida de sua população, proporcionando o desenvolvimento de processos mais assertivos para implantação de uma cidade mais sustentável e transformando a tecnologia e a gestão pública em ferramentas poderosas para proporcionar locais mais humanos e sustentáveis.
*Ana Paula Ferraz Krueger é gestora de atendimento no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). Possui graduação em Ciência Política, MBA em Gerenciamento de Projetos e especialização em Sociologia Política e Gestão de Processos.
Publicado originalmente na coluna do ICI no portal GazzConecta