*Por Francielle Regeane Vieira Saviski
As tecnologias que melhoram nossas organizações e as nossas vidas estão mais poderosas que nunca. Os governos e as organizações com visão de futuro compreendem as forças tecnológicas que os rodeiam e procuram formas de utilizá-las em benefício dos cidadãos e da gestão pública.
Neste cenário tecnológico em constante evolução, o setor governamental se vê diante de novos desafios e oportunidades que moldam a forma como os serviços públicos são entregues e percebidos pelos cidadãos. Com o avanço da Inteligência Artificial (IA) generativa, os governos cada vez mais buscarão soluções inovadoras que analisem dados em grande escala, identificando rapidamente ameaças, situações de crise e o comportamento da sociedade.
Desta forma, a IA terá impacto direto nas decisões e resultados operacionais da gestão pública em tempo real. Na corrida para transformar o uso de dados em decisões assertivas, os governos precisam se preparar para implementar data lakes (repositórios de dados), evitando gerar impacto nos ambientes dos sistemas transacionais. Isso requer investimentos em infraestrutura, hardware, softwares, capacitações e profissionais dedicados. A iniciativa pode ajudar governos na exploração do poder dos dados, identificação de padrões, aprimoramento da prestação dos serviços públicos, promoção da transparência, resposta a crises e emergências e estímulo à inovação nos centros urbanos.
Também é necessário estabelecer estruturas formais para realizar a governança de dados e promover o compartilhamento dos mesmos entre as esferas municipal, estadual e federal, bem como entidades externas, como o setor privado e organizações sem fins lucrativos. Esse compartilhamento vai incentivar a colaboração entre diferentes partes interessadas no governo e fora dele, permitindo melhor coordenação na execução de políticas, programas e serviços públicos. Sem dizer que irá melhorar a tomada de decisão, pois a consolidação dos dados proporcionará uma visão mais abrangente. Essa tendência reforça a necessidade de os governos estruturarem seus data lakes e tomarem decisões baseadas em dados.
Modernizar os sistemas legados para operarem em nuvem também é uma tendência global que se aplica ao setor governamental. Essa modernização é necessária para atender as demandas de dados, segurança, integração e escalabilidade. A nuvem híbrida, que combina infraestrutura on-premise (servidores locais) com recursos em nuvem pública, é uma alternativa para iniciar essa modernização, permitindo que os governos aproveitem os benefícios da nuvem pública sem abrir mão do controle e segurança de seus dados e sistemas críticos.
Os governos que buscam potencializar a utilização de dados, aliando-os a tecnologias como IA e IoT (Internet das Coisas), com o objetivo de expandir o acesso aos serviços públicos de forma digital e desburocratizada, estão no caminho certo para proporcionar uma experiência mais eficiente aos cidadãos. Ao tomar decisões baseadas em dados para ampliar os canais digitais e integrá-los, os governos tornam mais fáceis o acesso da população aos serviços e informações que precisam, quando precisam. Dessa forma, o redesenho da jornada dos cidadãos na gestão pública é uma estratégia fundamental para o sucesso da transformação. A simplificação de processos e a eliminação de ambiguidades permitem que os governantes aprimorem a qualidade dos serviços oferecidos, aumentando, assim, a satisfação da sociedade.
*Francielle Regeane Vieira Saviski é coordenadora de Inovação no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). Possui MBA em Gerenciamento de Projetos (FGV-PR), especialização em informática aplicada à Gerência de Redes (UFPR), com graduação em Redes (PUCPR).
Publicado originalmente na coluna do ICI no portal GazzConecta